Blurb
Negro, pobre, feio e sem ninguém no mundo - sua mãe acaba de morrer -, Michael K vaga pela África do Sul convulsionada pela guerra civil. Obrigado a esconder-se da polícia, ele vive à deriva em estradas, fazendas abandonadas, cavernas ou num campo de trabalhos forçados. Michael K alimenta-se de raízes, insetos e, excepcionalmente, de um cabrito que consegue afogar num açude. Dorme em abrigos improvisados ou ao relento e supera a tontura, a ânsia e a letargia. Preso pelo exército, sucumbe às atividades físicas que seu corpo esquálido é incapaz de suportar. Mesmo assim, foge.Pouco a pouco, vai se destituindo dos elementos que o ligam ao mundo exterior, até ver-se reduzido a uma existência em que a realidade parece escorrer-lhe pelos poros. A certa altura, o narrador do livro conclui: "Um homem tem de viver de modo a não deixar sinal da sua vida. Foi a isso que se chegou".Há, contudo, mais que a nota pessimista no processo de animalização por que passa o protagonista. Sua trajetória permite supor que o contato direto com o mundo em volta não apenas contribui para o desenvolvimento de uma vida interior, como parece o único refúgio possível num tempo dominado pela irracionalidade e pela barbárie.
First Published
1983
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